A era dos jogos com IA na Steam chegou com força total. Em 2025, cerca de 1 em cada 5 jogos lançados na plataforma utiliza algum tipo de Inteligência Artificial generativa (GenAI), consolidando uma transformação no desenvolvimento de games.
O salto dos jogos com IA: números que impressionam
Um recente estudo liderado por Ichiro Lambe (Steam Labs) revelou que a adoção de IA na Steam passou de cerca de 1.000 títulos em 2024 para 7.818 em 2025 — um aumento de impressionantes 681%. Isso representa aproximadamente 7% do catálogo global da plataforma, que conta com cerca de 114 mil jogos.
Além disso, quase 20% dos jogos lançados este ano usam GenAI — consolidando uma presença que deixa de ser tendência para se tornar realidade dominante.
Onde a IA está sendo usada nos jogos da Steam?
A GenAI está sendo aplicada em várias etapas do desenvolvimento, desde a criação de personagens até a automação de testes. Veja na tabela a seguir os principais usos identificados por estudos da Totally Human e dados públicos do Steam:
Aplicação | Detalhamento |
---|---|
Geração de assets visuais (60%) | Produção de personagens, cenários, texturas e modelos 3D |
Áudio e vozes | Trilhas sonoras, narração e TTS (text-to-speech) |
Narrativa e textos | Diálogos, descrições, scripts e construção de lore |
Marketing e lojas | Descrições de produtos, banners e materiais de divulgação |
Code & lógica de jogo | Criação de scripts e balanceamento de mecânicas |
Durante o gameplay | Mundos gerados proceduralmente, moderação, NPCs com IA |
Exemplo estelar: The Roottrees are Dead
Um dos casos mais comentados do ano foi o de The Roottrees are Dead, inicialmente desenvolvido com arte gerada por IA. Após críticas, o jogo foi redesenhado com ilustrações feitas manualmente por artistas. O resultado foi um salto na recepção crítica e no engajamento do público — mostrando que IA pode ser uma aliada, mas que o toque humano ainda é essencial.
“AI Slop”: a preocupação com conteúdo de baixa qualidade
O termo “AI slop” começou a circular nos fóruns e comunidades para se referir a jogos com uso massivo de IA e baixa curadoria. Muitos desses jogos são clones, com histórias sem coesão, gráficos inconsistentes e qualidade irregular — dificultando a descoberta de títulos genuinamente bons e inovadores.
Jogadores relatam frustração ao navegar pela loja e encontrar muitos produtos visivelmente “baratos”, muitas vezes lançados com o único intuito de aproveitar tendências rápidas.

Polêmicas entre jogadores e desenvolvedores
A integração da IA também gerou atritos:
- O uso de vozes geradas por IA em jogos populares como Call of Duty dividiu opiniões.
- Desenvolvedores independentes acusam a IA de alimentar uma corrida por produtividade, sem tempo para polimento criativo.
- Alguns jogadores exigem filtros e avisos claros na Steam para identificar jogos com IA e evitar “slop”.
Contenção e regulamentação: o papel dos atores externos
Movimentos como a greve da SAG-AFTRA (2024–2025) impulsionaram a discussão sobre os limites da IA no entretenimento. A greve resultou em acordos que protegem a reprodução de vozes, imagem e identidade de atores — criando um precedente para a indústria dos games.
A Steam, por sua vez, exige que jogos que utilizam IA informem isso no processo de submissão. A transparência, no entanto, ainda é uma demanda crescente da comunidade.
Visão completa até agora
- A IA já está presente em 20% dos jogos lançados em 2025 na Steam.
- Os principais usos envolvem arte, som, narrativa e gameplay.
- Existe um equilíbrio delicado entre inovação e repetição, com alguns jogos abusando do uso de IA.
- A comunidade pede mais curadoria, transparência e ética no uso da tecnologia.
- O futuro aponta para hibridizações — jogos feitos com IA, mas com forte direção humana e artística.
Conclusão
A ascensão dos jogos com IA na Steam é um marco da nova geração de desenvolvimento. Com um crescimento explosivo e aplicações cada vez mais criativas (ou polêmicas), a Inteligência Artificial não é mais apenas uma ferramenta — é parte ativa do jogo.
Cabe à indústria, aos players e aos desenvolvedores encontrarem um ponto de equilíbrio entre tecnologia, ética e arte.